terça-feira, agosto 28, 2007

A certeza da salvação e justificação

O mundo calvinista estabeleceu, com base na doutrina da Assembléia de Westminster, que a certeza da esperança não é parte essencial da fé salvadora; para que muitos crentes pudessem ser justificados ainda que não tenham esta segurança: e possam permanecer por muito tempo sem ela; mas, ainda assim, uma certeza infalível fundamentada na comparação do seu coração e vida com a Escritura, e o ensino e a luz do Espírito Santo, por meio da Palavra, é o privilégio e deve ser o alvo de todo verdadeiro cristão.

Extraído de Robert L. Dabney, Lectures on Systematic Theology, pág. 702

segunda-feira, agosto 27, 2007

A influência do sistema calvinista

O sistema de Calvino é reflexo de sua mente - severa, grande, lógica, ousada - para elevar-se às alturas; contudo, humilde em retornar sempre às Escrituras como sua base. Fundamentando-se no trono de Deus, Calvino percebe tudo à luz do decreto eterno divino. O homem em seu estado de pecado perdeu a sua libertade espiritual e o poder de fazer algo que seja verdadeiramente bom, ainda que Calvino admita livremente a existência da virtude natural, e a atribua à operação da divina graça, inclusive em seu estado não regenerado (Institutas II. 2. 12-17). A providência de Deus governa e abrange tudo, tanto o natural como o espiritual. Tudo o que acontece é o iluminar do conselho eterno. Tudo o que é atraído ao reino de Deus, o é por um ato livre da graça, e ainda assim a omissão dos não salvos deve ser atribuída a uma origem na vontade divina eterna, por mais misteriosa que seja. A vontade de Deus, deste modo, contém em si as razões últimas de tudo o que existe. Não é arbitrária, mas, uma vontade santa e boa, ainda que as razões do que ocorre na realidade no governo do mundo nos sejam inescrutáveis.

A comunidade de sua Igreja se extende a muitos países. O seu sistema entra como um ferro no sangue das nações que a receberam. Levantaram-se os huguenotes franceses, os puritanos ingleses, os escoceses, os holandeses, os da Nova Inglaterra; gente valorosa, livre e temente a Deus. Prostrando o homem diante de Deus, mas exaltando-o novamente na consciência de uma libertade, nascida de novo em Cristo; mostrando a sua escravidão por causa do pecado, mas restaurando-o na liberdade mediante a graça; guiando-o para que veja todas as coisas à luz da eternidade, contribuiu para formar um tipo vigoroso, mas nobre e elevado de caráter, criou uma raça que não se intimida em levantar a cabeça diante dos reis.

Extraído de James Orr, El Progreso del Dogma, pág. 233

quarta-feira, agosto 22, 2007

Circumincessio

A Escritura apresenta uma sensível avaliação entre as diferenças entre as Pessoas da Trindade e o Seu mútuo envolvimento, e eu necessito dizer mais a respeito deste último assunto. Circumincessio, circumcessio, circumssion, perichoresis, e coinherence são termos técnicos para a mútua relação das Pessoas: o Pai no Filho, e o Filho nEle (Jo 10:38; 14:10-11, 20; 17:21); e ambos no Espírito, e o Espírito nEles (Rm 8:9). Ver Jesus é ver o Pai (Jo 14:9), porque Ele e o Pai são um (10:30). Após Jesus deixar a terra, ele "viria" no Espírito para estar com o Seu povo (14:18).[1]

Todas as três Pessoas estão envolvidas em todas as obras de Deus da Criação.[2] Como temos observado o Pai (Gn 1), o Filho (Jo 1:3; Cl 1:16), e o Espírito (Gn 1:2; Sl 104:30) estão envolvidos na obra da criação. O mesmo é verdade quanto à providência, e, do mesmo modo a redenção o juízo final. Isto não significa que as três Pessoas atuam da mesma forma nestes eventos. O Pai, e não o Filho, enviou Jesus ao mundo para redimir o Seu povo; o Filho, e não o Pai, ou o Espírito, incarnou para morrer sobre a cruz pelos nossos pecados. De fato, no momento da morte, Ele estava, do mesmo modo misterioso, desamparado pelo Seu Pai (Mc 15:34). O Espírito, e não o Pai nem o Filho, veio sobre a Igreja com poder no dia de Pentecostes (enviado pelo Pai e pelo Filho [Jo 14:15-21]), apesar do Filho vir à nós pelo Espírito.

De acordo com 1 Pe 1:1-2, o Pai é o único que predetermina, o Filho é o único que asperge o sangue, e o Espírito é o único que santifica. Esta é uma generalização acerca das diferentes tarefas das Pessoas da Divindade: o Pai planeja, o Filho executa e o Espírito aplica. Mas, de acordo com Pedro não existe aqui a descrição de uma precisa divisão da obra. Ele reconhece que todos os eventos exigem a concorrência de todas as três Pessoas.

Notas:
[1] Relembrando que Jesus também compara a mútua habitação dos membros da Trindade com (1) o habitar das pessoas da Divindade nos crentes, e (2) a unidade dos crentes uns com os outros (Jo 17:21-23). De fato, estas são analogias, e não identidades, pois não podemos saber exatamente como Deus é. Mas podemos apoiar um ao outro, e assim glorificar um ao outro, como os membros da Trindade fazem. Para mais implicações deste princípio para a vida cristã veja o meu artigo "Walking Together" no site http://www.thirdmill.org/, Online Magazine 1:17-18 (21 e 28 de Junho e 4 de Julho de 1999).
[2] Existe a opera ad extra na tradicional terminologia, ou seja, as obras de Deus que estão terminadas fora Dele. Há também atos que Deus realiza internamente em Seu Ser (opera ad intra) nos quais somente uma das Pessoas está envolvida, como a geração do Filho pelo Pai. Discutirei posteriormente este assunto.

Extraído de John M. Frame, The Doctrine of God, págs. 693-694

terça-feira, agosto 14, 2007

O conhecer a Deus

Como a majestade de Deus ultrapassa em si mesma a capacidade do entendimento humano e inclusive lhe é incompreensível, temos que adorar a sua grandeza mais do que examiná-la para que não nos encontremos afligidos com tão grande percepção. Por isto devemos buscar e considerar a Deus em Suas obras, às quais a Escritura chama, por esta razão, de "manifestações das coisas invisíveis" (Rm 1:19-20; Hb 11:1), pois nos manifestam o que de outro modo não podemos conhecer do Senhor.

Extraído de Juan Calvino, Breve Instrucción, págs. 10-11

sexta-feira, agosto 10, 2007

Perseverança em Paulo

Paulo, basicamente, ensina uma espécie de permanência dos cristãos escolhidos por Deus, e chamados pela fé em Jesus Cristo, com base em sua eleição. Paulo está seguro de que o mesmo Deus que é o autor e doador da salvação, deseja também em amor onipotente, e ininterrupta fidelidade, completar até o fim a salvação daqueles que foram eleitos e chamados por Ele, e que em Cristo pela fé, demonstram o seu comportamento fundamental. (...) A coragem e a consistência das epístolas de Paulo caracterizam a sua visão de permanência na salvação em sua própria vida, e não há nenhum resultado claro ou importante que evidencie o contrário.

Extraído de Judith M. Gundry Volf, Paul & Perseverance: Stayind In and Falling Away, pág. 286-287

quarta-feira, agosto 08, 2007

O que é fé salvadora?

A fé salvadora é a obra de Deus no pecador que foi eleito, regenerado e chamado, e por meio dela o pecador é enxertado em Cristo e recebe e apropria-se de Cristo e todos os Seus benefícios, confiando nEle no tempo e por toda eternidade.

Extraído de Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics, pág. 62

sábado, agosto 04, 2007

A Igreja Católica é a Igreja verdadeira?

É certo que somos pecadores e abundam os vícios entre nós, e que muitos de nós caimos freqüentemente e desfalecemos muitas vezes; todavia, a vergonha me impede ter o atrevimento de vangloriar-me (até onde a verdade o permite) de sermos melhores que vocês e isto em todos os aspectos. Contando que não pretenda, porventura, exceptuar a Igreja Católica Romana, formosíssimo santuário de toda santidade, a qual uma vez aberta as cortinas das janelas e, desfeitas as barreiras da autêntica disciplina e pisoteada a honestidade, está tão transbordante de toda espécie de maldades que com grande dificuldades poderá se achar em toda a história um exemplo semelhante de tão grande abominação.

Extraído de Juan Calvino, Respuesta al Cardenal Sadoleto, pág. 53

quinta-feira, agosto 02, 2007

A bondade de Deus

A observação que intenciono firmar é esta: - a pura e perfeita bondade é uma prerrogativa somente de Deus. A bondade é uma perfeita escolha da Divina natureza. Este é o verdadeiro e genuíno caráter de Deus; pois, Ele é bom, Ele é bondoso, bom em Si mesmo, bom em Sua essência, bom no mais alto grau, possuidor de tudo o que é mais agradável, excelente e desejável. O mais alto bem, porque Ele é o primeiro bem: Deus é de tudo o que é mais bondoso; de tudo o que é mais verdadeira bondade em alguma criatura, é uma semelhança de Deus. Todos os nomes de Deus são compreendidos em Sua bondade. Todos os dons, todas as variedades de bondade são contidas nEle como um bem comum.

Extraído de Stephen Charnock, The Existence and Attributes of God, vol. 2, pág. 215

quarta-feira, agosto 01, 2007

A segurança do sistema presbiteriano

Em nenhuma parte do Novo Testamento encontramos alguma referência para a designação de somente um presbítero, ou apenas um diácono, para realizar uma tarefa. A nossa tendência seria nomear um líder, mas a sabedoria de Deus é superior a nossa. Ao nomear várias pessoas para trabalhar juntas, a igreja, sob a direção de Deus, facilitou a motivação mútua entre aqueles que compartilham o trabalho, assim como diminuiu o risco do orgulho e a tirania no cargo.

Extraído de James M. Boice, Foundations of the Christian Faith, pág. 632